Ensinamentos de São Bento comentados pelo Papa Emérito Bento XVI

Celebramos hoje, 11 de julho, a festa de São Bento Abade. Fundador do monaquismo ocidental, Bento, nascido por volta do ano 480 em Núrsia, foi proclamado “Pai da Europa” pelo Papa Pio XII, em 24 de outubro de 1964, através da Carta Apostólica Pacis Nuntius, Paulo VI proclamou-o “Patrono da Europa.” 1

Foi através da Regra escrita pelo santo, na Abadia de Montecassino, e os inúmeros mosteiros beneditinos espalhados pela Europa, que a civilização ocidental foi preservada após a queda do Império Romano. Seus monges souberam evangelizar e educar os bárbaros. 1, 2

Sua Regra, principal programa de vida seguido nos mosteiros do Ocidente, é definida pelo Papa Bento XVI como “um autêntico fermento espiritual”, responsável por suscitar “uma nova unidade espiritual e cultural, a da fé cristã partilhada pelos povos do continente.” 2

De particular devoção a São Bento, o Papa Emérito nos relata que, diferentemente de outros grandes monges missionários, que tinham como objetivo principal a evangelização dos povos bárbaros, São Bento “indicou aos seus seguidores como finalidade fundamental, aliás única da existência, a busca de Deus: ‘Quaerere Deum’”.  Neste sentido, cita o Santo Padre, “compreende-se então melhor a expressão que Bento tirou de São Cipriano e que sintetiza na sua Regra o programa de vida dos monges:  ‘Nihil amori Christi praeponere’, ‘Nada antepor ao amor de Cristo.’” 3

Para nos auxiliar nesta “busca de Deus”, na qual São Bento nos exorta, o Papa Emérito nos ensina algumas lições contidas na Regra do Santo Abade:

  • “Ora et labora” (reza e trabalha): São Bento “vivia sob o olhar de Deus e precisamente assim nunca perdeu de vista os deveres da vida quotidiana e o homem com as suas necessidades concretas”, diz o Papa. Em sua Regra, o abade Bento pede ao seus monges que “à Obra de Deus nada se anteponha”, mas conforme nos recorda o Santo Padre, para Bento a “oração é em primeiro lugar um ato de escuta, que depois se deve traduzir em ação concreta.” 2
  • Obediência: quando realizada com fé e amor, leva à humildade, “desta forma o homem torna-se cada vez mais conforme com Cristo e alcança a verdadeira autorrealização como criatura à imagem e semelhança de Deus”, afirma o Pontífice. 2
  • Escuta: São Bento ensina em sua Regra que o abade, superior dos mosteiros, deve escutar “os conselhos dos irmãos”, tal disposição, afirma Bento XVI, “torna surpreendentemente moderna uma Regra escrita há quase quinze séculos! Um homem de responsabilidade pública, e também em pequenos âmbitos, deve ser sempre também um homem que sabe ouvir e aprender de quanto ouve.” 2

Apesar da Regra de São Bento ser um programa de vida para os mosteiros, o Papa Emérito ressalta que “na realidade ela pode oferecer indicações úteis não só para os monges, mas também para todos os que procuram uma guia no seu caminho rumo a Deus.” 2

Rogai por nós, glorioso patriarca São Bento, para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

V. São Bento, bendito do Senhor.

R. Que do alto do céu defendeis os vossos devotos.


Referências

  1. Aquino F. São Bento: Pai da Europa. Lorena: Cléofas; 2017. 136 p.
  2. Papa Bento XVI. Audiência geral: Quarta-feira, 9 de abril de 2008 [internet]. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; 2008.
  3. Papa Bento XVI. Angelus: 10 de Julho de 2005 [internet]. Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; 2005.